Passeio de catamarã pelos Cânions do Rio São Francisco
Lindas paisagens sertanejas, curiosas e imponentes formações rochosas, uma tonalidade de água verde impossível de esquecer. É assim que me lembro – com muito carinho e admiração – do passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco, no lago da Usina Hidroelétrica de Xingó.
O passeio começa na cidade de Canindé de São Francisco, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas. O enorme lago surgiu com a construção da represa para a usina hidrelétrica. A paisagem da região é espetacular. Os paredões rochosos que circundam o lago foram formados há milhões de anos, e por lá foram encontrados vestígios de ocupação humana pré-histórica, como pinturas rupestres e fragmentos de cerâmica de mais de 8000 anos!
A região ainda é cercada de lendas sobre o Virgulino Ferreira da Silva, vulgo o cangaceiro Lampião, que há muitos anos trilhava essa região com seu bando. Foi por essas bandas que, em 1938, Lampião e seu banco foram mortos em uma emboscada policial. Na cidade vizinha de Piranhas, em Alagoas, dá pra fazer um passeio que conta em detalhes a história da emboscada que acabou com as aventuras de Lampião pelo sertão nordestino.
Descubra as belezas do passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco
O Cânion de Xingó é o quinto maior cânion navegável do mundo. Chega a ter 65 km de extensão e, em alguns pontos, mais de 170 m de profundidade. Em alguns pontos dessa região, a largura do Rio São Francisco também impressiona, chegando a até 300 metros de uma margem a outra. No barco, a gente olha para um lado e para o outro e só vê o Velho Chico.
E não se engane pensando que o Lago de Xingó possui águas calmas. O Rio São Francisco passa pela região carregando bastante correnteza, a força da água chega a formar redemoinhos. Aqui, o Rio São Francisco respira e resiste fortemente.
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Como fazer o passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco
A pequena cidade de Canindé de São Francisco é o ponto de partida para o passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco. A cidade fica a aproximadamente 140 km de Aracaju (pela rodovia SE-175). Você pode planejar um roteiro de dois ou três dias em Canindé e Piranhas, para explorar melhor os passeios da região..
Nossa viagem começou em Aracaju. Saímos bem cedo da capital sergipana, com um carro alugado em direção ao Karranca’s Bar e Restaurante. No pier do restaurante, acontece o embarque nos catamarãs que fazem o passeio até os cânions do Rio São Francisco no Lago de Xingó. A estrutura é muito boa para quem vai fazer apenas o passeio ou passar um dia no bar, aproveitando o buffet e o banho de rio nas águas do São Francisco.
Em Aracaju, agências de turismo oferecem o passeio até os Cânions do Rio São Francisco. As empresas oferecem o transfer em vans ou microônibus, dos hotéis de Aracaju até o restaurante Karranca’s.
Dicas para fazer o passeio durante a alta temporada
O passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco funciona com horário fixo de saída: todos os dias, às 11:30h. O que a gente não sabia na época do passeio (janeiro de 2014) é que há uma alta demanda nos meses de alta estação. É tanta gente querendo fazer o passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco, que eles disponibilizam outros horários para saída de barcos.
A empresa MF-Tur, que organiza os passeios, trabalha com sistema de pré-reserva. Você pode ligar e reservar previamente o horário do seu passeio. A gente não sabia disso. Nem sabia que ia encontrar tanta gente por lá naquele sábado, tentando fazer o mesmo passeio que a gente!
Cometemos um erro de principiante, temos que admitir, hehe. A gente chegou no Restaurante Karranca’s por volta das 11h, achando que era mais que suficiente para pegar o catamarã das 11:30h. O restaurante estava super lotado! A fila de carros na área de estacionamento seguia até se perder de vista.
No guichê da empresa MF-Tur, descobrimos que não havia mais vagas para o barco de 11:30h, nem para 12:30h, nem para 13h. Como estávamos sem reserva, eles só conseguiriam nos encaixar no barco das 14h. Ficamos um bocado desapontados, porque nosso planejamento era seguir logo depois do passeio para a cidade de Piranhas, e agora nosso cronograma ficaria todo atrasado! Mas a gente não ia desistir do passeio de catamarã pelos cânions do Rio São Francisco, de jeito nenhum! Compramos o bilhete para o barco das 14h.
Mas o que fazer durante 4 horas de espera?
Para passar o tempo até a hora do barco, compramos o ticket de buffet livre no restaurante Karranca’s. O restaurante é bem aconchegante, serve frutos do mar e comida nordestina bem temperada e caseira. Tudo num ambiente com varandas com vista para o rio e uma prainha. Em janeiro de 2014, o buffet custou R$25,00 por pessoa (bebidas não incluídas) e a comida estava super gostosa.
Podemos aproveitar a estrutura para um banho nas águas do Rio São Francisco, que são bem calmas na região do Restaurante Karranca’s. Muita gente na região faz o passeio de um dia: fecha o buffet no restaurante e aproveita o banho de rio e a estrutura do local.
Enfim, vamos começar o passeio!
O embarque acontece por fila, apresentando o ticket para o horário marcado. O tour dura cerca de 3 horas e é recheado de lindas paisagens. Logo de cara, ficamos admirados com a imponência do São Francisco: a força da correnteza, os redemoinhos que aparecem aqui e acolá, o rio imenso a se perder de vista! O lago de Xingó é uma região de muitas belezas!
O catamarã segue pelo leito natural do rio São Francisco. No sistema de áudio da embarcação, músicas tipicamente nordestinas, como Luiz Gonzaga, Fagner e Alceu Valença vão nos embalando e transportando para uma atmosfera tipicamente sertaneja. O guia que comanda o passeio indica as formações rochosas que circundam o leito do rio.
Vemos a Pedra da Águia, que tem esse nome porque seu topo lembra a cabeça da ave. Em seguida, o Morro dos Macacos, uma ilha que já foi habitada por um bando de macacos-prego antes da construção da represa. Logo ali, a Pedra do Japonês, que dizem que parece com um oriental (oi? heheh) e a Pedra do Cruzeiro, que parece um homem montado a cavalo. Um pouco de criatividade e dá pra ver alguns desses desenhos nas pedras.
Durante todo o passeio, são vendidos petiscos e bebidas dentro do barco. O preço não é nada absurdo e dá pra fazer um lanchinho na embarcação. Os banheiros também são organizados.
Gruta do Talhado
Depois de mais ou menos uma hora e meia de navegação, chegamos na Gruta do Talhado, provavelmente o lugar mais bonito de todo o percurso. De tanta beleza, parece mesmo que os paredões foram talhados à mão! O vermelho forte das paredes de pedra faz um contraste enorme com o verde esmeralda das águas do Velho Chico. O encanto é imediato.
Nesse ponto, existe uma estrutura montada pela empresa MF-Tur. O barco atraca e nós podemos descer e mergulhar no Velho Chico. A região onde o mergulho é liberado é cercada com bóias e redes para segurança. Coletes salva-vidas são disponibilizados para quem não sabe nadar – oi, Klécia.
Isso mesmo, fui sem saber nadar. Mas foi exatamente no Velho Chico que eu criei coragem para enfrentar um dos meus maiores medos, o mergulho. Esperei Rafael cair na água, coloquei o meu colete, fechei os olhos e fui. Saltei do barco, em pé, para cair direto no rio. Eu não sei bem quanto tempo durou, mas eu fui até tão fundo naquelas águas escuras que juro que foi tempo suficiente para ter aquela reflexão sobre a vida e a morte hahahah
Até que em um momento eu parei de afundar e comecei a subir, subir. Cheguei na superfície e encontrei Rafael com aquela cara de medo e satisfação. Foi uma experiência surreal, libertadora e encorajadora. É como se minha alma viajante tivesse sido batizada ali, no São Francisco. Talvez por isso essa viagem signifique tanto pra mim!
De canoa até bem perto dos cânions do Rio São Francisco
Outra coisa bacana nesse ponto do passeio é que da ‘base’ também saem canoas em direção a parte mais estreita da Gruta do Talhado. Por causa da profundidade e do pequeno espaço disponível para navegação, apenas as pequenas canoas conseguem chegar nessa região.
É preciso esperar numa pequena fila até conseguir vaga. Mas a espera é compensada pela maravilhosa sensação de estar circundada por aqueles paredões cor de argila, flutuando na canoa pela água verde-esmeralda. Lá no final, uma pequena escultura de São Francisco, para nos lembrar o nome de batismo do rio no qual estamos navegando.
Não é permitido nadar nessa parte do Rio.
Pôr-do-sol no catamarã, no Rio São Francisco
Quando embarcamos para começar o trajeto de volta, o dia já começava a ir embora. Todo mundo no barco só comentava sobre como o Rio São Francisco era bonito nessa região. Nessa altura, fomos presenteados com um pôr-do-sol inesquecível! Quando já estávamos quase chegando no Restaurante Karranca’s, o sol começou a se perder no meio das águas do Velho Chico. Ver o pôr do sol ainda no barco foi um presente incrível! Uma imagem que jamais esqueceremos.
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Sabia que você pode conhecer outros cânions do Rio São Francisco em Paulo Afonso – BA?
Confira nesse post do blog Viagens e Caminhos!
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Contatos úteis
Karranca’s Bar e Restaurante
Endereço: Praia Beiro Rio, 01 – Zona Rural, Canindé de São Francisco – SE
Telefone: (79) 99869-6428
MF-Tur – Empreendimentos e serviços | Facebook
Telefone: (79) 9972-1320 | (82) 9986-2038 | (79) 3346-1184
Obrigada, Klécia. Parabéns pela coragem e pelo batismo. Bons mergulhos pelo mundo de agora em diante 😀
Muito obigada Keyla! Boas viagens pra gente!