Terceiro dia de tour no Salar de Uyuni
Ainda estava escuro quando o motorista bateu na porta do quarto acordando todo mundo para começar o terceiro dia no Salar de Uyuni (o último do tour!).
Ainda nem eram 5 da manhã e fora do saco de dormir estava um frio de doer a espinha. Todo mundo fechou os olhos tentando acreditar que podia ficar mais uns minutinhos na cama.
O cansaço do primeiro e do segundo dia de tour pelo deserto de sal começava a bater firme. Mas que nada. Já estava começando o Salar de Uyuni dia 3!
Em pouco tempo nosso amigo guia-motorista já estava nos chamando de novo. Levantamos e escovamos os dentes na água mais gelada que já bateu nos meus dentes.
Organizamos as mochilas, que foram pra cima do carro. Sentamos para comer alguma coisa. O café, solúvel como sempre. Mais chá, pão, manteiga, geleia e aquele cereal com cara de pipoca doce, que os bolivianos comem toda manhã.
Roteiro Salar de Uyuni – dia 3
O mundo lá fora estava completamente escuro quando a gente caiu na estrada. O aquecedor do carro estava ligado mas o termômetro externo não enganava.
Fazia -13°C lá fora e aquela altitude de quase 5000 metros não ajudava em nada para amenizar a sensação térmica.
Começava o terceiro dia no Salar de Uyuni, o dia que a gente ia chegar no Chile – e que começava como o dia mais frio de todo o tour.
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Geisers Sol de la Mañana
Os Geisers Sol de la Mañana são o motivo pelo qual a gente começa tão cedo o terceiro dia no Salar de Uyuni. Uma área de atividade vulcânica no sul da Bolívia, que fica próximo à Laguna Colorada e dentro da Reserva de Fauna Andina Eduardo Avaroa, onde a gente tinha entrado no final do segundo dia de tour pelo Salar de Uyuni.
A melhor hora do dia para visitar os geisers é durante a manhã, logo ao nascer do sol. É uma área de aproximadamente 2km, cheia de crateras que expelem uma fumarola tão bonita quanto perigosa, pelo forte teor de enxofre. No interior das crateras, dá pra ver a borbulha do material e honestamente fiquei imaginando o que acontece com o que cai ali dentro. O cheiro de enxofre é muito forte. Se não estivesse tão frio, eu ia dizer que era uma prévia do inferno.
Mas amigos, estava muito frio nos Geisers Sol de la Mañana!
O sol começava a nascer. Primeiro o motorista nos deixa num géiser artificial, construído pelos locais para as brincadeiras dos turistas. Ali é possível colocar a mão no vapor e até pular no meio da fumaça – que também tem cheio de ovo podre. Eu quis fazer vídeos de Rafael com o celular, então tirei as luvas por um pedacinho de tempo. E nunca mais conseguir esquentar minha mão, que doía e parecia que ia cair petrificada no chão. Sem exageros: o maior frio que já senti na vida foi nesse dia, nesse momento, nesse lugar.
Fomos até a área dos geisers naturais e a atmosfera é bonita demais. A força da natureza nos transporta para uma terra primitiva, que parece que está igual desde centenas de milênios, na formação do planeta terra. A lava fervendo nas crateras é hipnotizante. O jogo de luz e sombra da fumaça com os primeiros raios de sol é de uma beleza indescritível. O potencial geotérmico da área é enorme – e o guia falou que já existem empresas querendo explorar isso na região! Não sei, mas eu lamento um pouco que tudo não permaneça pra sempre como eu vi: selvagem, poderoso e inesquecível!
Dá vontade de tirar foto de tudo. Eu fiz várias, agora já com a luva. E teria feito muito mais, se não fosse o sentimento de que minha mão ia congelar e cair no chão no meio do deserto hahah. De volta ao carro, levei cerca de 30 minutos com a mão dentro da luva, no meio das pernas, tentando direcionar todo o calor do meu corpo para salvar meu membro superior. Histórias que só o Salar de Uyuni é capaz de te proporcionar!
Termas de Polques
Seguimos para o Sul, cada vez mais perto da fronteira com o Chile. Já começava a me bater um sentimento de despedida do Salar. Apesar de todos os perrengues, eu não queria que o tour terminasse. Eu tinha encontrado um dos lugares mais especiais da terra!
Com mais 30 minutos de estrada, chegamos nas Termas de Polques. Por uma taxa extra (10 bolivianos) você pode entrar nas termas e tomar um banho nas águas com média de temperatura de 30 °C. Mas ainda era muito cedo. A temperatura já tinha esquentado um pouco depois do nascer do sol, mas permanecia cerca de 5°C negativa. Frio demais, o que desanimou todos nós. Ninguém cogitou a possibilidade de tirar o casaco para por uma roupa de banho no meio do deserto, naquele frio de doer.
Na verdade, um de nós animou sim: o motorista! Que riu da gente e falou que éramos todos bobos, que a água era uma delícia e a gente estava perdendo toda a diversão hahaha. Acabamos ficando no estacionamento, comendo nosso lanche e vendo a fumaça que saía da água, contraste com o vento frio que fazia do lado de fora.
Deserto de Dalí
Surrealismo no meio do deserto. Não sei se a vida imita a arte, ou o contrário. O fato é que esse deserto tem pedras soltas, salpicadas naquele infinito de areia até perder de vista. Falam que era ali que Salvador Dalí buscava inspiração para seus quadros. As fotos ficaram meio distantes, mas dá pra ver as pedras perdidas no deserto, lá longe.
As cores das montanhas ao redor misturam tons de vermelho, marrom e outras tintas. É tudo bem bonito e o motorista parou o carro bem no meio do nada, nos colocando em perspectiva de 360 graus pra todo aquele infinito.
O tour pelo Salar de Uyuni está acabando, e meu coração cada vez mais já começa a ficar saudoso das paisagens da Bolívia!
Laguna Blanca e Laguna Verde
Acho que nosso motorista já começava a sentir a nossa falta também. Estávamos na estrada e ele puxou do porta-luvas um pirulito para cada um. Fomos adoçando a vida até chegarmos na última parada do tour, as vizinhas Laguna Verde e Blanca.
Paramos numa área que fica entre as duas lagunas, mais próximo da Laguna Verde. A Laguna Blanca, mais distante um pouco, impressiona pelo tamanho. A sua superfície esbranquiçada é consequência da alta quantidade de minerais, especialmente bórax. Os flamingos brincam nas águas por ali também.
Já a Laguna Verde estava bem mais perto de nós e o motorista nos deu alguns minutos para irmos até perto da margem. Ela é bem menor que sua vizinha branca. A cor verde vem do alto teor de cobre e arsênico. É preciso ter cuidado com suas águas salgadas e altamente tóxicas, que não suportam nenhum tipo de vida. Nem os flamingos aparecem por ali, já que não há o que comer nas águas da Laguna Verde.
Dependendo da cor da água, que muda ao longo do dia, e da incidência dos raios do sol, é possível ver o desenho do Vulcão Licancabur refletido perfeitamente nas águas da Laguna Verde. O Licancabur é o símbolo do Deserto do Atacama e marca a fronteira entre Bolívia e Chile. Um cenário perfeito para nossa despedida da Bolívia.
Fronteira e Imigração na Bolívia
Saindo das lagunas, passamos no posto de controle da Reserva de Fauna Andina Eduardo Avaroa, para validar nossa saída da reserva (é preciso apresentar o boleto de entrada devidamente carimbado com as datas de visita). Seguimos agora para a fronteira com o Chile, onde está o escritório de imigração boliviano. O carro parou e o motorista começou a descarregar nossas malas. Nosso grupo aqui se dividia: Rafa, eu e a menina austríaca seguimos para o Chile, para o Deserto do Atacama. Os meninos de São Paulo retornaram para Uyuni, para conhecer Sucre.
Mas essa foi a despedida do motorista: na fronteira, eles sempre trocam os carros, reorganizam os grupos e começam novo tour, agora em sentido contrário, Atacama – Uyuni. Os meninos foram colocados em um carro junto com pessoas que também retornavam para Uyuni. O caminho de volta não passa por muitos atrativos: só alguns vilarejos no meio do nada (como Villamar) e o Valle de las Rocas, que parece um pouco com o Deserto de Siloli e a árvore de pedra que vimos no segundo dia do tour no Salar de Uyuni.
Pegamos nossas mochilas e entramos na fila de imigração com os passaportes na mão. Uma pequena casinha no meio do nada, com um aviso na porta que eles fecham por duas horas para o almoço. Um vento danado castigava todo mundo em pé ali. De repente, nosso motorista ressurge, pedindo nossos passaportes e 15 bolivianos para ‘agilizar’ o processo, para a gente não perder o transfer até San Pedro de Atacama.
Ficamos com medo de acabarmos abandonados no deserto e pagamos ‘a taxa nada oficial’. Eles nos colocaram no micro-ônibus e trouxeram o passaporte em poucos minutos. Além da nossa empresa de transfer (Pamela Tours), existia mais uma, onde nossa amiga austríaca foi colocada. É tudo muito confuso: compra-se o tour em empresas diferentes, viaja-se junto e eles te separam no transfer. Não há muito critério lógico.
Bem-vindos ao Chile!
Quando todo mundo entrou no micro-ônibus, o transfer partiu. Bastou atravessar a fronteira que tudo mudou: saímos do sacode-sacode das estradas sem asfalto e sem qualquer estrutura para as estradas de rodagem perfeitamente sinalizadas do Chile. Que mudança!
O motorista nos entregou as fichas de imigração, avisou sobre a ilegalidade de entrar com qualquer bem alimentício não-industrializado no território chileno e avisou sobre a revista de malas no raio-X. Ele só tinha uma caneta pra emprestar para o ônibus todo, então ainda bem que eu tinha a minha na mochila de ataque.
O escritório de imigração já fica dentro de San Pedro de Atacama, numa região um pouquinho afastada do centro. Tudo muito organizado, por filas separadas por grupos de transfer. Ficamos cerca de 30 minutos por lá, e então voltamos ao microônibus que nos deixou no estacionamento público central de San Pedro de Atacama. Bem-vindos ao Chile!
Leia também:
+ Planejamento de viagem para o Salar de Uyuni
+ Primeiro dia de tour no Salar de Uyuni
+ Segundo dia de tour no Salar de Uyuni
oi Klécia…. eu entendo muito bem o que você descreve: foi exatamente o que senti nos Geysers del Tatio: a beleza pura, o frio que acabou comigo… não sei como está hoje, quando eu fui era bem roots, mas eu sinto como você, a exploração exagerada destes belos lugares me entristece e aborrece!
As paisagens são mesmo extraordinárias… Se eu perdi meu fôlego lendo e vendo as imagens, imagino você, inserida nesta contexto.
Não sei se Salvador Dalí buscou inspiração ai, mas que lembram, e muito, algumas das paisagens que eu já vi dele: intensas – lembram! 🙂
Que interessante aquela imagem do Licancabur tão de pertinho!! O vi de bem longe!
É sempre uma droga a corrupção sul americana né?! 🙁
Duas imagens preferidas: você em frente ao vulcão e a imigração boliviana perdida no meio do nada!!!!! Amei este passeio pela Bolívia. Estou triste que acabou! 🙁 bjus
Também adoro a foto do vulcão – ainda mais a que estou com Rafa. E a imigração na Bolivia foi um evento – para entrar e sair, muito curiosa. Adorei conhecer esse país, e tenho já muita vontade de regressar e ver mais e mais!
Ainda aparece mais Bolivia por aqui, qualquer dia! 😉
Klecia que viagem mais linda!!! Eu não tinha me recuperando das paisagens do segundo dia e aí vem você com novas lagunas, novas cores, novos suspiros. Não tenho dúvidas, está na lista, mas contínuo dizendo que não estou preparada para pegar -13 e passar frio a noite rsrs..
Qdo eu fui para o Atacama eu fui visitar os Geisers, é tbm acho que foi um dos lugares mais gelados que eu conheci. O aquecedor do carro não dava conta e eu jurava que iria congelar também. Haha Depois seguimos até as termas e acredite – o Chris encarou e tbm curtiu kkkk
Mayte, o frio equivale entre os geysers de Atacama e Uyuni, entao imagine que sofrimento hahah E que corajoso o Chris!
E sim, quando alguém pede pra resumir essa viagem, eu esqueco dos perrengues e só lembro das paisagens lindas! <3