Bolívia: como ir de Copacabana a La Paz de ônibus

Acordamos na Isla del Sol, com passagem comprada para o ônibus de Copacabana a La Paz que saia às 13h. Levantamos cedo, sem pressa.

Tomamos o ótimo café da manhã no Intikala Hostel e pegamos nossas mochilas.

Começamos a fazer o caminho de volta até o porto da comunidade Yumani, no lado sul da Isla del Sol, com várias paradas para fotos e tempo de sobra para explorar o porto.

O tempo foi passando e os outros turistas foram chegando. Um velhinho vendia as passagens do barco enquanto jogava cartas com os amigos.

Por volta das 10:15h, o barco chegou trazendo os novos visitantes para a Isla del Sol.

O mesmo barco que nos levaria de volta a Copacabana. Os viajantes desembarcaram, pagaram o “pedágio” de 10 bolivianos para entrar na ilha e sumiram pelas escadarias. Em poucos minutos, começou o nosso embarque.

Para fugir do frio terrível do lago Titicaca, dessa vez nos aconchegamos na parte de dentro do barco, junto com as mochilas e outros turistas.

A viagem durou mais ou menos uma hora e meia, e por volta de meio dia estávamos em Copacabana.

Passamos na agência para pegar nossas mochilas que estavam guardadas, e ficamos aliviados ao ver que nada tinha acontecido com elas.

Paramos para fazer um lanche (que estava bem ruim) no restaurante La Choza, perto da praça Sucre e passeamos pela bonita igreja de Copacabana.

Enfim, perto das 13h descemos até a praça Sucre, para pegar o ônibus de Copacabana a La Paz, com a empresa Titicaca Tours.

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De ônibus de Copacabana a La Paz

De ônibus de Copacabana a La Paz: uma viagem cheia de histórias

Quando chegamos perto da praça, já começamos a notar uma movimentação estranha.

A moça da empresa corria pra lá e pra cá com uma prancheta, onde estavam rabiscados os assentos vendidos do ônibus de Copacabana a La Paz das 13h.

Não havia mais assentos disponíveis. E tinha muita, muita gente na praça querendo embarcar. Eles tinham vendido mais bilhetes, num caso clássico de overbooking.

Quase todo mundo já tinha embarcado e começou a me dar um desespero porque a mulher não parava para ouvir que a gente já tinha passagem. Só mandava a gente esperar num canto.

Na confusão que estava a situação, não dava pra esperar. Fomos até a parte de trás do ônibus, onde o rapaz guardava a mala dos passageiros.

Mas ele não quis guardar a nossa, porque a moça ainda não tinha “autorizado” nosso embarque.

O clima foi ficando mais tenso, até que por um milagre ela parou meio confusa ao nosso lado e conseguimos mostrar nossas passagens reservadas.

Ela fez um sinal de “ok, vocês tudo bem”, e liberou o nosso embarque. Entramos rapidamente antes que alguma coisa mudasse, e sentamos nas cadeiras 1 e 2, as primeiras atrás do motorista.

A confusão lá fora ainda continuava e muita gente foi encaminhada para outra calçada, para esperar um segundo ônibus.

Uma garota insistiu que havia comprado passagem para aquele ônibus e só viajaria ali, e colocaram ela sentada no ‘jump seat’, aquele assento do lado do motorista, ocupando o assento do rapaz que ajudava com as malas.

Esse garoto fez o percurso de ônibus de Copacabana a La Paz sentado no chão do ônibus.

Pouco a pouco, deixávamos Copacabana para trás…

De ônibus de Copacabana a La Paz

Como é a viagem de ônibus de Copacabana a La Paz

Pagamos 35 bolivianos por pessoa pela viagem de ônibus de Copacabana a La Paz. O tempo previsto de viagem era de 4 horas.

O ônibus, exatamente do mesmo nível do que nos trouxe de Cusco até Copacabana – um pouco confortável e seguro, o suficiente para quem está preparado para tudo, em um mochilão pelas estradas da América do Sul.

Seguimos margeando o Lago Titicaca e as paisagens incrivelmente lindas se repetem com frequência.

Seguimos pela Rota Nacional 2, que serpenteia lado a lado com o bonito Lago Titicaca até se afastar da margem em direção à La Paz. Ficamos felizes de fazer o trajeto durante o dia.

Estávamos um pouco assustados com as estradas e os motoristas, depois das experiências no trânsito do Peru.

Essa felicidade aumentou ainda mais quando chegamos no pequeno povoado de San Pedro de Tiquina e o motorista pediu que todo mundo desembarcasse para fazer a travessia do Estreito de Tiquina.

De ônibus de Copacabana a La Paz

Atravessando o Estreito de Tiquina de Barco

Um dos principais motivos de fazer esse trajeto com a luz do dia é exatamente essa travessia do Estreito de Tiquina. O estreito é uma região onde as margens do Titicaca estão separadas por pouco menos de um quilômetro.

De um lado, está o povoado de San Pedro de Tiquina. Do outro, San Pablo de Tiquina.

O estreito separa as águas do Lago Titicaca em duas partes – a maior delas é chamada pelos bolivianos de Chucuito, e a menor é chamada de Huiñaymarca.

De ônibus de Copacabana a La Paz

Alguns acidentes muito tristes já aconteceram nessa travessia.

Um dos mais recentes (2008) foi uma colisão entre duas embarcações que faziam a travessia durante a noite fechada, numa época que o estreito era pouco iluminado.

Principalmente por conta disso, decidimos fazer a travessia durante o dia.

Descemos do ônibus em San Pedro e fomos até a bilheteria dos pequenos barcos que fazem a travessia dos passageiros. Barcos pequenos, com motores que fumaçam bastante e fedem a óleo.

Paga-se dois bolivianos por pessoa para a travessia, que leva menos de 5 minutos.

Desembarcamos em San Pablo de Tiquina e ficamos na praça, esperando o ônibus que faz a travessia numa balsa maior, levando um certo tempo entre embarque e desembarque.

Apesar da adrenalina, a travessia foi tranquila.

Tirando a fumaça do motor e o aperto de um barco que viajou com tantos turistas eles conseguiram embarcar, aproveitamos a diversão com risadas, e admiramos às aves do Titicaca que voavam sempre muito perto dos barcos.

Mais uma pequena aventura pra nossa coleção.

De ônibus de Copacabana a La Paz
De ônibus de Copacabana a La Paz
De ônibus de Copacabana a La Paz
De ônibus de Copacabana a La Paz
De ônibus de Copacabana a La Paz

Confusão e protestos no caminho até La Paz

Quando achamos que o pior tinha passado, foi que a aventura realmente começou.

Seguimos pela Rota Nacional 2 e o caminho parecia tranquilo até que o trânsito parou, enquanto atravessávamos um pequeno povoado no meio do nada.

Como estávamos bem atrás do motorista, escutamos sua conversa com um local. Um protesto estava montado mais à frente, na estrada.

Foi aqui que o motorista decidiu sair da rodovia e pegar pequenos caminhos paralelos, na tentativa de driblar o bloqueio.

Entre buracos, estradas de terra, animais no caminho e sensação de estar andando em círculos, depois de um bom tempo finalmente voltamos para a estrada principal.

Mas nem deu tempo de respirar aliviados. Outro protesto. Outro desvio. Agora cruzamos rios. Ficamos sem gasolina, paramos num posto de gasolina sem banheiro. Improvisamos com o que a natureza oferecia.

Seguimos mais um tempo pelas estradas inexistentes em meio ao nada. O motorista se perdeu e precisou perguntar direção mais de uma vez.

Ligamos o GPS para tentar entender o que estava acontecendo, e vimos que ele estava indo em direção à Rota Nacional 1, a outra estrada principal que leva a La Paz.

De ônibus de Copacabana a La Paz

Nessa altura, os passageiros começaram a ficar impacientes…

Afinal ninguém sabia de nada. Começaram a vir até a frente, perguntar ao motorista o que estava acontecendo.

A garota no ‘jump seat’ parecia cansada de tantos solavancos naquele assento nada confortável. Na verdade, estávamos todos exaustos. As quatro horas já haviam passado e não estávamos nem perto de La Paz.

Chegamos na Rota Nacional 1. Ufa, agora vai.

Só que não. Em poucos quilômetros, encontramos outro protesto.

Paramos em outro posto de gasolina, e saímos novamente da estrada principal, agora para nunca mais voltar.

Seguimos por mais caminhos ‘alternativos’, até chegar numa periferia de La Paz quando a noite já ameaçava cair.

De ônibus de Copacabana a La Paz

La Paz, primeiras impressões

Muita gente tentou me assustar quanto a La Paz, principalmente quanto a questões de segurança. E as primeiras impressões da cidade não podiam ter sido piores.

Depois de todo esse cansaço, entramos na cidade por uma periferia no mínimo tenebrosa.

Em cada esquina, os muros pichados avisavam que ‘ladrões seriam queimados vivos’, entre outras frases com o mesmo tom, ou pior.

Os muros ainda traziam manifestações políticas, a favor e contra Evo Morales. Sí, Evo. No, Evo. Uma cidade dividida.

Nota: Essa foi apenas a primeira impressão sobre La Paz. Depois, já na cidade, não percebemos nenhum perigo além do comum em cidades grandes.

Não tivemos nenhum problema de segurança andando pelas áreas turísticas. Andamos também em algumas periferias próximas ao centro, e foi tudo tranquilo.

Só pra ficar claro que ‘o medo maior é o que se pinta’, e que nossa passagem por La Paz foi muito tranquila. Em todo caso, vale tomar as precauções básicas de todo viajante em uma cidade grande/diferente!

De ônibus de Copacabana a La Paz
De ônibus de Copacabana a La Paz

Seguimos no ônibus, num city tour improvisado por La Paz. Passamos pela região de El Alto, nos arredores do aeroporto.

Uma comunidade que cresceu tanto que virou uma cidade, ao mesmo tempo separada e misturada com La Paz. Vimos os primeiros cabos do teleférico que cortam a cidade.

Já era por volta das 20h quando enfim chegamos na rodoviária no centro da cidade. Exaustos, um pouco impressionados. O trânsito estava louco nos arredores.

Tentamos chamar um Uber, que apesar de notificar que funciona na cidade, não conseguia localizar nenhum carro disponível (não conseguimos usar o aplicativo na cidade, nem uma vez).

Negociamos um táxi para nos levar até a Calle de las Brujas, uma das ruas mais tradicionais e turísticas de La Paz.

Pagamos 25 bolivianos e o motorista bravamente enfrentou a loucura do trânsito para nos deixar pertinho do Mercado de las Brujas, onde ficava nosso Hostel, o Residencial Alta Vista.

Hospedados, banho tomado, era hora de começar a explorar La Paz.

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Lila Cassemiro
Klécia Cassemiro (Lila, para os amigos) é fotógrafa, videomaker e editora de conteúdo no blog Fui Ser Viajante. Também é sommelier de cervejas, formada pelo Instituto Science of Beer. Viajante geminiana e curiosa, é especialista em desenhar roteiros fora do óbvio e descobrir os segredos mais bem escondidos de cada destino.
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Comentários:
Juliana disse:

Olá
Obrigada pelo seu relato, me ajudou a pensar no meu roteiro de viagem para a Bolívia. Você comenta que foi de ônibus da Titicaca Tour de Copacabana para La Paz, mas entrei no site deles e só tem essa viagem saindo de Puno, foi essa que comprou? Pesquisei, mas não encontrei uma empresa que faça Copacabana para La Paz diretamente.

Lila Cassemiro disse:

Oi Juliana, na época nao fizemos com agencia. Fomos nas rodoviárias de cada cidade, compramos passagens avulsas. Foi mais perrengue, pois não havia essa facilidade de internet. Coloquei aqui os links de empresas que achei que vendem antecipado alguns trechos, pois sei que facilita. Mas se o trecho que você quer fazer não constar, pode ser necessário ampliar a pesquisa, ou fazer como nós, e comprar no local (sujeito a disponibilidade).

Ale Campos disse:

Boa noite!! Muito legal seus relatos. Estou fazendo esse mesmo trajeto em 03/03/2020. Qual empresa vocês usaram? Vocês gostaram do ônibus?

Rafael Cassemiro disse:

Oi Ale, nós viajamos com a Titicaca Tours (o guichê/loja deles fica bem na esquina onde param os ônibus), o ônibus é normal tipo executivo, mas sem banheiro interno.
Grande abraço e boa viagem!

André disse:

Ois, só uma questão sobre a frase da foto e sua tradução – “os muros pichados avisavam que ‘invasores seriam queimados’”, na verdade no muro diz “ladrão pego, será queimado vivo”. Cuidado com traduções que levam o leitor/turista a pensar algo “pior” da cidade/pais do que realmente é.

Rafael Cassemiro disse:

Olá André,
Obrigado pelo comentário, realmente a foto que acabou indo para o post fala sobre ladrões, e não reparamos na revisão do texto, já acertei lá :), mas no trajeto que fizemos por este bairro próximo a El Alto haviam outros muros com frases sobre invasores e carros abandonados, entre outros!
Obrigado pela visita e boas viagens pra você

Klécia disse:

Oi André! Obrigado pelo seu comentário! Pensando nele, até coloquei uma nota extra no post: Essa foi só a impressão da chegada em La Paz, na periferia mais afastada da cidade. Quando chegamos na parte turística da cidade, não percebemos qualquer perigo ou ameaça além do que se espera de uma cidade grande.
Em outro post dessa série sobre La Paz, comento que já no dia seguinte a cidade nos surpreendeu positivamente. Honestamente fomos com um pouco de medo, porque todo mundo comentava muito negativamente sobre questões de segurança. Tomamos as precauções básicas na cidade (comuns em qualquer viagem para um grande centro urbano) e tivemos uma passagem bem tranquila por lá.
Andamos inclusive por algumas áreas fora do centro turístico, e foi tudo tranquilo. Só recomendamos que cada um tome os cuidados essenciais para qualquer viagem (cuidado com bolsas, documentos, lugares, etc) e aproveite a cidade com o coração aberto, porque ela tem bastante a oferecer!

Analuiza disse:

Menina… que aventura!!!! Imagino pela narrativa (não conseguia parar de ler) que devem ter passado por momentos tensos. Depois que passa, contudo, vira uma experiência interessante com muitos elementos de análise!

Curioso como esta nossa America do Sul tem tantos pontos divergentes não?! Apesar de perto, conheço tão pouco da Bolívia… acho que para tentar entender, ou tentar ao menos, só mesmo fazendo o que vocês fizeram: colocar a mochila nas costas e visitar o país.

Não sei se tão cedo o farei, mas acompanhar a viagem de vocês têm sido uma experiência interessante e inspiradora, eu diria. beijocas

Klécia disse:

Eu ainda acho que conheci pouco da Bolivia, só uns rasgos mais superficiais. A vontade é voltar em breve, para novos e mesmos lugares. Ainda há muito o que ver nesse país tao perto e tao longe da gente!