Um passeio pelo centro de Lima, no Peru: o que ver, visitar e provar
Depois de visitar o museu MALI, seguimos caminhando pelas ruas de trânsito confuso da capital do Peru. Mais um pouco e finalmente chegamos ao centro de Lima, nosso objetivo principal no primeiro dia na cidade. O centro histórico de Lima é a artéria pulsante da cidade. Mistura a arquitetura clássica dos tempos de colônia com a correria dos dias modernos numa capital.
O centro de Lima é uma das atrações mais imperdíveis da cidade. Em 1988, foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. É uma mistura da tradição histórica com modernidade, uma loucura que abre espaço pelas ruas estreitas, sem perder um toque de poesia.
O que ver no centro de Lima
Caminhamos muito nesse dia! O centro de Lima é plano, um convite para colocar um sapato confortável e se enveredar pelas ruas históricas, descobrindo segredos e delícias. Não preparei um roteiro definido, mas cheguei com uma listinha de lugares que eu queria visitar, ou pelo menos dar uma espiada. Deixei assim, bastante espaço para me perder pelas ruas cada vez que alguma coisa atraísse minha atenção.
Começamos visitando a Praça de San Martín, um dos espaços mais emblemáticos de Lima. Uma praça cercada por prédios lindos, colorida por flores e ostentando no centro o monumento ao libertador Don José de San Martín, montado em seu cavalo. Mas só consegui espiar de longe.
Foi aqui que comecei a conhecer a Lima dos protestos.
As ruas estavam lotadas – de policiais e de manifestantes. A guarda montou uma muralha de isolamento na bela praça, e não deixava ninguém entrar. Os protestos na capital peruana estão cada vez mais frequentes. Durante os três dias que estivemos em Lima, escutamos sobre a manifestação de professores na cidade. A “cerca humana” era uma medida para evitar que a praça fosse invadida por manifestantes. Ouvi relatos de professores que apanharam da polícia, mas não cheguei a ver nenhum confronto. Segui meu caminho, entendendo que a América do Sul é muito mais parecida do que a gente pode imaginar.
Seguimos caminhando pelo centro de Lima…
Tomamos a rua Jirón de la Unión, que conecta a praça de San Martín com a Plaza Mayor. Por muito tempo, essa rua foi a mais importante da capital, conectando as duas principais praças do centro de Lima. A Jirón de la Unión era o ponto de encontro da aristocracia limeña, mas o tempo tirou o glamour da rua, que hoje é uma rua de comércio. Foi curioso ver o contraste dos prédios históricos com a loucura e confusão dos tempos modernos.
E, enfim, chegamos na Plaza de Armas de Lima!
A Plaza Mayor, principal referência do centro de Lima. A praça foi construída e planejada por ordem do Rei Charles I da Espanha, e dizem que, quando terminada, não havia praça maior ou mais bonita, nem mesmo no velho continente. Foi na Plaza de Armas que a cidade foi fundada, foi a Plaza de Armas que viu o Peru se tornar independente do reino espanhol. E lá, também encontrei mais um pedaço de Lima que estava sitiado. Policiais por toda parte, isolando o centro da praça e protegendo os monumentos.
Mesmo com todo o cerco, consegui dar uma boa olhada nos prédios importantes e belíssimos que circundam a Plaza Mayor de Lima: o Palácio do Governo, a Catedral de Lima, o Palácio Arquiepiscopal de Lima, o Palácio Municipal de Lima e o Clube da União.
O que mais me encantou, no entanto, foram as varandas: de madeira, coloniais e perfeitamente conservadas, que são um símbolo da arquitetura na cidade. Depois, li que essas varandas já foram reconstruídas algumas vezes, após terremotos na cidade. E isso só me encantou ainda mais – que cuidado dos limeños em preservar a sua história arquitetônica!
Da Plaza de Armas, demos uma parada na pequena praça vizinha, a Plaza Perú. Tão pequena, mas impossível de passar despercebida. Uma bela fonte e um mastro que ostenta, dia e noite, a bandeira do país. Ao lado dela, outro prédio que vale a visita: a Casa de la Gastronomia Peruana. Bonito em arquitetura e com detalhes sobre uma das culinárias que é considerada a melhor da América Latina.
O que visitar no centro de Lima
Eu fiz questão de visitar as duas principais igrejas do centro de Lima. Seguindo pela Jirón Junin (a mesma rua da Plaza Perú), está a Igreja de Santo Domingo, a mais antiga de Lima. Ao lado da Igreja, fica o museu de mesmo nome. O conjunto arquitetônico é de admirar, tanto por dentro quanto por fora. O local também se destaca pela história: no século XVI, ali começou a funcionar a Universidade de São Marcos, a mais antiga das Américas.
Visitamos apenas o interior da igreja, que já é lindo de suspirar. Para visitar o museu, o convento e as torres, é preciso pagar um ingresso de visita guiada, que custa 10 soles (setembro de 2017).
Em seguida, seguimos para a atração que eu mais queria conhecer no centro de Lima: a Igreja, catacumbas e Convento de São Francisco. A enorme igreja de fachada amarela e arquitetura colonial estava fechada. Na lateral, uma porta nos levou até uma pequena sala, onde já havia outros turistas esperando pelo próximo grupo para a visita guiada.
O passeio valeu cada centavo dos 10 soles que pagamos (setembro de 2017)! Além de conhecer as belezas do claustro e do jardim do convento, pudemos visitar a linda catedral por dentro. Para completar o passeio, visitamos à biblioteca do convento (século XVII), que mais parece ter sido tirada de um conto de fadas.
E claro, as catacumbas: o ponto alto da visita à Igreja de São Francisco!
Elas foram o principal motivo de eu querer tanto visitar a Igreja de São Francisco. Durante o período colonial, aquele espaço era o único cemitério da cidade. Estima-se que mais de 70 mil pessoas estejam colocadas nas catacumbas. As catacumbas vem resistindo aos séculos e aos terremotos, e é impossível não ficar admirado passeando entre os ossos, dispostos de forma assombrosamente organizada. Um pouco mórbido, alguns dirão até claustrofóbico, mas incrivelmente interessante!
Nessa visita, aprendi muito sobre a história de Lima e arte no Peru. O museu da Igreja é rico em quadros e há painéis e azulejos maravilhosos ao redor dos jardins do convento. Pra mim, é a principal atração do centro de Lima e recomendo a todo mundo! Infelizmente, não é possível fotografar por lá.
Outras atrações que você pode visitar no centro de Lima
Ali perto da igreja de São Francisco, está o Parque de la Muralha. Por lá, estão as ruínas das muralhas que protegiam a cidade de Lima. De lá, é possível dar uma boa olhada no Rio Rìmac, que pode estar completamente seco em algumas épocas do ano. Pegamos ele ainda com uma pequena corrente de água.
Próximo à Igreja de Santo Domingo fica a Casa de Aliaga, onde funciona um museu. A casa foi erguida em 1535 e é a mansão mais antiga da cidade. Está sob a posse da mesma família durante toda a sua história. Outro prédio vizinho de interesse é a Casa da Literatura Peruana.
Merece destaque também o povo peruano. Preste atenção nas pessoas, nas cores, na língua. Tudo por lá é incrivelmente interessante, uma cultura forte e sempre presente.
Também há outros museus interessantes no centro, como o Museo Bodega y Quadra (que conta a história de Lima como capital do Vice-Reinado e como colônia, além de funcionar como sítio arqueológico). Para quem quer uma experiência bem local, pode visitar o Mercado Central de Lima – que é bem simples, mas rico em diversidade – cheio de produtos, cheiros e sabores peruanos.
Bem ao lado do Mercado Central fica o Bairro Chino. A cidade de Lima recebeu uma grande quantidade de imigrantes orientais, e esse bairro é uma representação bem típica da sua presença da cidade. Embora seja charmoso, achei bem pequeno e com poucos atrativos.
O que comer no centro de Lima
Lima é a capital latino-americana da gastronomia. Os melhores restaurantes e chefs de cozinha do continente estão lá! Se prepare para provar de tudo, porque a base da culinária limeña é bem diferente da nossa – eles tem uma incrível variedade de milho, e outra maior ainda de batatas!
Experimentei comida de rua, claro! Imagine nossa versão de barraca de cachorro-quente, mas para vender batata e milho! Parei numa barraquinha que vendia umas espigas de milho enormes. Ela me serviu com um pedaço de queijo branco, que de longe lembra o nosso queijo minas. O milho tem o gosto bem parecido com o nosso, mas fui experimentando com os diferentes ajís (molhos de pimenta), o que deixou o prato com a cara do Peru. A barraca também vendia batatas cozidas, e foi engraçado ver quanta gente estava almoçando aquela batata enorme na rua.
No centro, você pode experimentar um das tradicionais Sangucherias, lanchonetes especializadas em sanduíches. A mais famosa e tradicional delas é a La Lucha – que eu comi e aprovei. Outra opção são os Chifás, restaurantes de fusão entre a culinária peruana e oriental, e que são muito populares em toda Lima.
Para quem quer uma refeição mais incrementada, uma boa opção é o Tanta, restaurante assinado pelo chefe Gastón Acúrio (o do Masterchef, eleito o melhor chefe das américas por vários anos seguidos). Foi lá que provei o melhor ceviche que comi no Peru!
E saia do roteiro!
O centro de Lima ainda tem muito mais para explorar! Ande, se perca e se encontre pelas ruas de Lima! Existem tantas outras belezas que não citei em detalhes no post… Outras curiosidades locais, outros sabores e outras cores! Se descobrir alguma coisa imperdível, volta aqui e deixa a dica nos comentários!
Adorei suas dicas e realmente o trânsito aqui é loucoooo…. literalmente se joga e atravessa, mas não cometa o mesmo erro meu.. só trouxe roupa de inverno.. aqui faz muito calor e troque sempre alguma coisa em moeda local!
Obrigada pelas dicas e por falar de sua vivência, Darli!
Adorei esse passeio pelo centro de Lima, que ora lembrou-me (vagamente) Bogotá, ora lembrou-me Cartagena. Incrível como a América do Sul tem história, arquitetura e arte para nos oferecer, ainda que muitas vezes embebidos em certo, ou muito, caos. 🙂
Fiquei imaginando as catacumbas! Fiquei babando pela comida de rua e principalmente pelo Ceviche! Experimentar os sabores locais é uma diversão à parte! rsrs
Um viva em alto e bom som para Lima que busca preservar sua história arquitetônica, enquanto que, por aqui, estamos soterrando e/ou queimando a nossa. 🙁
bjus
Oi Ana,
A arquitetura e arte de Lima são realmente surpreendentes.. O cuidado com a preservação da história nos deixou muito animados, ótimo ver um povo que valoriza suas origens.
A comida peruana é incrível, uma surpresa e um sabor surpreendente a cada escolha.
Obrigado pela visita e comentário.
beijos e Boas Viagens 🙂
Tenho nutrido uma vontade de conhecer o Peru! mais ainda depois de ler o post! =)
Abraços,
Daniel
https://poltrona22.com/
Daniel, o Peru é um país incrível! Cultura, arte, um povo de admirar. Você vai adorar conhecer!