Mulheres viajantes pioneiras: histórias de coragem e determinação
Desde os primórdios, viajar sempre foi uma atividade associada a aventuras, descobertas e desafios.
No entanto, durante séculos, as narrativas de grandes exploradores foram dominadas por figuras masculinas, enquanto as conquistas femininas ficaram à sombra.
Apesar disso, inúmeras mulheres ao longo da história ousaram romper barreiras, atravessar fronteiras e desafiar as convenções sociais para explorar o mundo e abrir caminho para outras que sonhavam em fazer o mesmo.
Este post é uma celebração dessas viajantes pioneiras, mulheres que marcaram seus nomes no universo das viagens, desbravando territórios e quebrando estereótipos.
Elas viajaram não apenas para conhecer, mas para questionar, aprender e, muitas vezes, ensinar.
Confira a lista das mulheres pioneiras no mundo das viagens, e se inspire para sua próxima aventura!
Mulheres pioneiras no mundo das viagens
Egeria
De origem galaica, Egeria foi uma das primeiras mulheres a registrar suas viagens, uma viajante pioneira no século IV.
Seus relatos são considerados um dos primeiros livros de viagem que se tem registro.
Viajando sozinha da Galiza ao Oriente Médio, ela passou três anos explorando lugares sagrados e descrevendo detalhadamente sua jornada em cartas destinadas a um grupo de mulheres em sua terra natal.
No seu manuscrito, se percebe que ela era uma viajante curiosa e entusiasmada pelas paisagens que encontrava pelo caminho.
A obra, conhecida como Itinerário de Egéria (Itinerarium Egeriae), chegou até nós incompleta — faltando a primeira parte. Foi escrita em latim, o que faz com ela seja é considerada a primeira escritora hispânica em língua latina conhecida.
Isabel Barreto
Isabel Barreto desafiou os mares e as normas sociais do século XVI. Em 1596, ela acompanhou o marido às Ilhas Salomão, mas ele faleceu durante a viagem.
Com isso, ela assumiu o comando da frota e se tornou a primeira almirante espanhola.
Sob sua liderança, a embarcação navegou até as Filipinas, marcando sua posição como uma das mulheres mais influentes da era das grandes navegações. É considerada a 1ª almirante espanhola.
Jeanne Baret
Jeanne Baret era uma grande conhecedora das propriedades curativas das plantas, e por isso foi convidada a viajar de navio, identificando espécies botânicas.
Naquela época (anos 1770), a Marinha francesa proibia mulheres de navegar. Por isso, Jeanne precisou se disfarçar de homem para participar de uma expedição francesa de circunavegação.
Com isso, se tornoiu a primeira mulher a circunavegar o globo.
Durante a jornada, identificou diversas espécies de plantas, desafiando convenções e deixando um legado científico.
Ida Pfeiffer
Até os 45 anos, a austríaca Ida Pfeiffer era dona de casa. Quando viu seus filhos criados, vendeu a sua casa e seu piano, e com o dinheiro partiu para realizar seu sonho: viajar o mundo.
Começou as suas viagens de exploração do mundo em 1846, partindo de Viena para o Rio de Janeiro. Sua primeira aventura durou dois meses e meio.
Ao retornar lançou um livro de viagens com as anotações de seu diário, e ganhou certa fama. Com isso, conseguia passagens gratuitas em navios e continuou viajando, sempre de forma econômica e anotando tudo que via.
É em uma das primeiras mulheres reconhecidas como escritora de viagens.
Isabella Bird
De saúde frágil, Isabella Lucy Bishop (nascida Isabella Bird) viveu em vários lugares durante sua infância, primeiro por conta da saúde e dos trabalhos de seu pai, e depois por conta da saúde da própria Isabella.
Ela sofria de problemas na coluna, dores de cabeça nervosas e insônia, e os médicos recomendaram “uma vida ao ar livre”. Ela aprendeu a cavalgar e depois a remar.
Sua educação veio dos pais: um era botânico e a mãe lhe ensinou uma mistura eclética de assuntos. Bird era uma apaixonada pela leitura, e publicou sua primeira obra aos 16 anos, um panfleto sobre livre comércio.
Por agravamento da sua condição de saúde, os médicos insistiram em uma viagem marítima e, em 1854, ela inicia uma viagem de navegação para os Estados Unidos.
Ela escreveu “cartas descritivas brilhantes” para a família, que foram a base de seu primeiro livro, An Englishwoman in America (1856) – uma mulher inglesa na América.
Viajou também para a Austrália e para o Havaí, local que inspirou seu segundo livro.
Por fim se mudou para o Colorado nos EUA e fez uma viagem a cavalo, montando de frente “como faziam os homens”, percorrendo mais de 800 milhas pelas Montanhas Rochosas, em 1873.
As cartas que escreveu para sua irmã durante essa viagem inspiraram seu quarto e mais famoso livro, A Lady’s Life in the Rocky Mountains – a vida de uma mulher nas Montanhas Rochosas.
Em 1878, viajou para a Ásia, visitando Japão, China, Coreia, Vietnã, Cingapura e Malásia. Já aos 60 anos, com a saúde muito deteriorada, estudou medicina e viajou como missionária para a Índia.
Bertha Benz
Nascida em 1949, Bertha Benz foi uma pioneira tanto na história das viagens quanto na tecnologia. Naquela época, a educação era negada às mulheres, mas Bertha desde cedo mostrou interesse por mecânica.
Seu pai era carpinteiro e estava sempre desenvolvendo mecanismos, que a deixavam fascinada. Foi com ele que Bertha aprendeu como funcionava uma locomotiva, e foi ele quem permitiu que ela frequentasse uma escola para meninas, aos 9 anos.
Conta-se que, um dia, ela leu uma frase que o pai teria escrito na Bíblia da família, lamentando que “infelizmente tinha nascido outra menina”. Isso alimentou nela o desejo de mostrar que mulheres podiam fazer de tudo.
Casou-se com um engenheiro falido, que por acaso era um tal Karl Benz. Ajudou o marido a desenvolver o 1° automóvel movido a gasolina da história. Pantentearam a criação, mas ela não parou por aí.
Em 1888, sem avisar ao marido, pegou o tal automóvel e percorreu mais de 100 km com seus filhos, testando e provando a viabilidade do carro.
Ou seja: Bertha fez a primeira viagem de carro longa que temos registro na história da humanidade.
A fama desse feito se espalhou e ajudou a alavancar as vendas da empresa da família, a hoje famosa marca Mercedes-Benz.
Nellie Bly
Elizabeth Cochran Seaman, mais conhecida pelo psedônimo de Nellie Bly, era uma jornalista americana que nasceu para desafiar expectativas.
Em 1889, inspirada na viagem ficcional de Phileas Fogg, no livro A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Julio Verde, decidiu provou que poderia fazer melhor.
Enfrentando o ceticismo da época, encarou o desafio de fazer um roteiro mais rápido.
Completou a viagem ao redor do mundo em apenas 72 dias, documentando tudo e consolidando-se como uma das primeiras mulheres a mostrar que a exploração global era possível sozinha.
Alexandra David-Néel
Alexandra David-Néel, pseudônimo de Louise Eugénie Alexandrine Marie David, era escritora espiritualista, budista e anarquista. Participou de reformas religiosas e foi também uma grande exploradora francesa.
A exploração do Tibete no início do século XX era proibida para estrangeiros, mas isso não impediu Alexandra.
Ela viajou durante quatorze anos por todo o Tibete. Disfarçada de mendiga, foi uma das primeiras ocidentais a entrar na cidade sagrada de Lhasa, e foi reconhecida como a primeira mulher europeia a ser consagrada lama.
Durante suas viagens, escreveu mais de 40 livros sobre o budismo. No decorrer de suas viagens e estudos escreveu mais de quarenta livros sobre o budismo.
Annie Londonderry
Annie Cohen Kopchovsky nasceu na Letônia mas sua família se mudou para os Estados Unidos em 1875, se estabelecendo em Boston quando ela tinha 4 ou 5 anos.
Se tornou jornalista, casou-se e teve 3 filhos. Vendia espaços publicitários para diversos jornais de Boston para sustentar a família.
Em 1887, Thomas Stevens se tornou o primeiro homem a dar a volta ao mundo em uma bicicleta. Alguns anos depois, dois homens ricos de Boston apostaram 10 mil dólares que nenhuma mulher seria capaz desse mesmo feito.
As bicicletas estavam ficando muito populares naquela época na década de 1890, especialmente entre mulheres, e vinha trazendo mudanças até no vestuário, com os tecidos pesados de saias e vestidos dando lugar a ceroulas, saias leves e largas.
Apesar de Annie nunca ter andado de bicicleta até alguns dias antes de sua jornada começar, decidiu encarar o desafio e ser a primeira mulher a dar a volta ao mundo de bicicleta.
A empresa Spring Water Company, famosa por sua água Londonderry Lithia, disse que pagaria 100 dólares a Annie, se ela usasse o nome de “Annie Londonderry” em sua viagem.
Por isso, ela andou de bicicleta pela cidade carregando placas pregadas nela com anúncios da empresa, para angarear fundos para a viagem.
Em 1890, iniciou sua viagem, levando 15 meses para completar a volta ao mundo. Sua viagem foi publicada no New York World, com o título “the Most Extraordinary Journey Ever Undertaken by a Woman” – a viagem mais extraordinária já completada por uma mulher.
Mary Kingsley
Desde pequena, Mary Henrietta Kingsley ouvia histórias sobre países distantes da sua terra natal, Londres.
Ela era filha de escritores, e seu pai era também médico e explorador, viajando a trabalho a serviço de aristocratas e passando muito tempo longe de casa.
Quando adulta, depois de visitar as Ilhas Canárias, revolucionou a compreensão da cultura africana no século XIX.
Em 1895, viajou sozinha pela costa da África Ocidental, enfrentando perigos como rios infestados de crocodilos. Escreveu livros sobre culturas africanas e seus relatos documentaram culturas e tradições pouco conhecidas na época.
Gertrude Bell
Exploradora e arqueóloga inglesa, Gertrude Bell foi uma das figuras mais influentes no Oriente Médio no início do século XX.
Foi para o Oriente Médio e descobriu sítios arqueológicos, ajudou a fundar o Museu Arqueológico do Iraque e teve papel crucial na política do Império Britânico na região no início do século XX.
Júlia Lopes de Almeida
Pioneira na literatura e jornalismo brasileiro, Júlia Lopes viajou pelo Brasil, África e Europa no início do século XX, documentando lugares e costumes.
Suas observações revelaram a complexidade cultural do Brasil e da diáspora africana. Em 1912, escreveu que “conhecemos muito imperfeitamente nosso país”.
Anésia Pinheiro
Com coragem e paixão pela aviação, Anésia Pinheiro tornou-se a primeira mulher brasileira aviadora licenciada, em 1922.
Trabalhou como aviadora no Brasil e recebeu dezenas de condecorações civis e militares, nacionais e estrangeiras.
Reconhecida internacionalmente, sua trajetória inspirou gerações a perseguirem carreiras nos céus.
Freya Stark
Em 1927, a escritora britânica Freya Stark iniciou suas expedições pelo deserto árabe e outras regiões do Oriente Médio, passando por áreas remotas, onde poucos europeus, principalmente mulheres, já haviam viajado..
Suas viagens abriram portas para europeus conhecerem áreas remotas e trouxeram perspectivas sensíveis sobre culturas orientais.
Amelia Earhart
Norte-americana, em 1928, se tornou a 1ª mulher a pilotar um avião e atravessar o Atlântico. Em 1937, embarcou em seu avião para uma volta ao mundo, mas desapareceu e até hoje nada foi esclarecido.
Ícone da aviação, Amelia Earhart quebrou barreiras em 1928, sendo a primeira mulher a cruzar o Atlântico pilotando um avião.
Sua tentativa de circunavegar o mundo em 1937 continua cercada de mistério, mas sua coragem e pioneirismo marcaram a história.
Valentina Tereshkova
Primeira mulher a viajar ao espaço, a cosmonauta soviética Valentina Tereshkova foi foi a 1ª mulher a fazer uma viagem ao espaço em 1963.
Tripulou a Vostok 6, e em sua missão, completou 48 órbitas ao redor da Terra, permanecendo no espaço por quase 71 horas e provando que viagens ao espaço não tem limites de gênero.
Dervla Murphy
Autora premiada de livros de viagens, Dervla Murphy conquistou o mundo em duas rodas.
A ciclista irlandesa publicou, em 1965, um relato da viagem de bicicleta da Irlanda até à India atravessando Europa, Irã, Afeganistão e Paquistão.
Junko Tabei
A japonesa foi a primeira mulher a chegar ao cume do Everest, em 1975.
Também foi a primeira a escalar os Sete Picos mais altos de cada continente: Kilimanjaro (1980), Aconcágua (1987), Denali (1988), Elbrus (1989), Monte Vinson (1991) e Puncak Jaya (1992).
Elspeth Beard
Elspeth Beard, na década de 1980, foi a primeira mulher a dar a volta ao mundo de moto sozinha, enfrentando desafios mecânicos e culturais.
Realizou a circunavegação do mundo sozinha, por 189 dias, sem parar e sem suporte em 1988.
Kay Cottee
Kay Cottee, por sua vez, em 1988, completou uma jornada solo de veleiro ao redor do mundo, sem apoio, provando que o oceano também é território feminino.
Mulheres viajantes do século XXI: exploradoras contemporâneas
No século XXI, as mulheres continuam a superar barreiras e redefinir os limites do possível no mundo das viagens.
Cada uma com sua história, elas nos lembram que a coragem e a determinação são capazes de transformar vidas e inspirar gerações.
Izabel Pimentel
Em 2014, Izabel Pimentel fez história ao se tornar a primeira mulher brasileira e sul-americana a completar uma volta ao mundo sozinha em um veleiro.
Enfrentando os desafios dos oceanos, sua jornada de aproximadamente 17 meses foi um marco de resistência e paixão pela navegação. Izabel provou que o mar também é um espaço para mulheres.
Jessica Nabongo
Jessica Nabongo, filha de pais ugandenses, entrou para a história em 2019 como a primeira mulher negra a visitar todos os 195 países reconhecidos pela ONU.
Com seu passaporte americano e um espírito destemido, Jessica transformou cada viagem em uma oportunidade de destacar a diversidade cultural do mundo e a importância de representatividade no turismo.
Natalie Corbett
Desafiar preconceitos e trilhar novos caminhos é o que define Natalie Corbett.
Em 2020, ela se tornou a primeira mulher trans a pedalar do Alasca à Patagônia, percorrendo 17 países. Sua jornada, além de física, foi um ato de resistência e visibilidade, inspirando a comunidade LGBTQIA+ a sonhar alto.
Aretha Duarte
Aretha Duarte fez história em 2021 ao se tornar a primeira mulher negra latino-americana a chegar ao topo do Everest.
Alpinista e ambientalista, Aretha arrecadou fundos para sua expedição coletando materiais recicláveis, mostrando que determinação e criatividade podem levar ao topo do mundo, literalmente.
Tamara Klink
Em 2023, Tamara Klink, filha do explorador Amyr Klink, seguiu os passos do pai e foi além: tornou-se a primeira brasileira a atravessar sozinha o Círculo Polar Ártico de veleiro.
Sua ousadia e conexão com a natureza fazem dela um exemplo de pioneirismo e amor pela exploração.
Mais conteúdos sobre mulheres viajantes e inspiradoras para você acompanhar
A ideia desse post veio de um post colaborativo que publicamos no instagram, junto com mais dois blogs que falam sobre dicas de viagem e temas relacionados à mulheres pelo mundo.
Os blogs participantes foram Mariana Viaja e Tá Indo pra Onde, e você pode conferir o post no Instagram:
Conhece outras histórias de mulheres viajantes e inspiradoras?
Essas mulheres são exemplos de coragem e determinação, que enfrentaram preconceitos e desafios para expandir os horizontes culturais e geográficos de sua época.
Suas trajetórias não apenas revolucionaram o papel das mulheres no mundo das viagens, mas continuam inspirando todos nós a explorar o desconhecido, com curiosidade e paixão.
Você já conhecia algumas dessas mulheres e suas histórias? Comenta aqui embaixo qual dessas histórias mais te inspirou!
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